A guerra tarifária entre Estados Unidos e China ainda não chegou ao fim. A disputa por tarifas e influência comercial permanece acontecendo, mas os países firmaram uma trégua temporária de 90 dias, iniciada em 12 de maio. Essa pausa provocou efeitos imediatos no setor logístico, principalmente no frete marítimo internacional.
Inicialmente, a trégua levou a uma redução nos valores dos fretes, à medida que o mercado reagia com otimismo à suspensão temporária das tarifas. No entanto, essa queda foi rapidamente revertida: o volume de cargas destinadas à rota EUA-China explodiu, gerando congestionamentos logísticos e aumento expressivo nos preços do transporte marítimo.
Empresas antecipam embarques e pressionam a capacidade logística
Esse movimento pode ser explicado pela tentativa de empresas globais em antecipar embarques e fugir das tarifas, aproveitando a janela temporária. Muitos embarcadores focaram em garantir estoques para datas estratégicas como a Black Friday e o Natal, temendo uma nova escalada tarifária após o fim da trégua.
De acordo com a consultoria Solve Shipping, os valores na rota Ásia-Brasil, impactada por essa realocação logística, podem atingir US$ 4 mil por contêiner, sendo um valor quase quatro vezes maior que o registrado em abril. Além disso, armadores passaram a aplicar o General Rate Increase (GRI), mecanismo comum em períodos de alta demanda, o que contribui para o aumento das tarifas.
Esse cenário agravou problemas já existentes, como o congestionamento de portos e a escassez de contêineres. Segundo o relatório do banco Jefferies, as tarifas na rota transpacífica subiram de US$ 2.000 para US$ 2.500 por TEU (unidade de 20 pés), e fornecedores chineses retomaram embarques que, em abril, tiveram uma redução entre 30% e 40%.
É importante lembrar que o transporte marítimo é responsável por cerca de 90% do comércio global, e, embora eficiente, é altamente sensível a fatores externos, como o clima, crises sanitárias e tensões geopolíticas e econômicas. O cenário de 2025 se apresenta como um exemplo prático de como o equilíbrio da cadeia logística global pode ser rapidamente desestabilizado.