O dólar é reconhecido como a principal moeda de referência no comércio exterior influenciando diretamente operações logísticas, variações de preços e decisões estratégicas em toda a cadeia global. Desde o Acordo de Bretton Woods, firmado na primeira metade do século XX, o dólar se consolidou como moeda dominante nas transações globais. O objetivo era promover estabilidade econômica e fortalecer o equilíbrio nas trocas comerciais internacionais.
No entanto, o cenário atual é marcado por incertezas, causando discussões recentes, como o questionamento do presidente Lula sobre o uso de outras moedas nas transações entre países dos BRICS, evidenciam um movimento de futuras alterações. Caso essa mudança avance, pode trazer impactos significativos, especialmente para a economia estadunidense, incluindo a redução de sua influência global e a retração de investimentos considerados tradicionais e seguros.
Essa pauta ganha ainda mais relevância quando observamos os efeitos da oscilação cambial no cotidiano. A alta do dólar compromete o poder de compra, pressiona o custo de vida e impacta diretamente setores estratégicos. Um exemplo é o preço da gasolina, que sofre reajustes de acordo com a valorização do petróleo, que cotação é feita em dólar.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), petróleo e derivados representam cerca de 18,5% das importações brasileiras. Isso demonstra como a variação cambial vai além do turismo: afeta diretamente a rotina das empresas e da população.
O impacto da oscilação no comercio exterior
No Brasil, 75% do transporte de cargas é feito por rodovias, qualquer variação no custo do combustível repercute em toda a cadeia logística. Esses aumentos são repassados nas tarifas de transporte, armazenagem e tributos, pressionando os custos operacionais e exigindo maior planejamento e eficiência das empresas envolvidas no comércio exterior.
A oscilação do dólar também influencia diretamente decisões de importação e exportação. Por um lado, o câmbio valorizado encarece insumos e produtos importados, elevando os custos da indústria. Por outro, favorece as exportações brasileiras, tornando nossos produtos mais atrativos e competitivos no mercado internacional, especialmente em regiões estratégicas como Ásia, Europa e América do Norte.
Com isso, soluções logísticas inteligentes tornam-se fundamentais. A busca por tecnologias, softwares de gestão de estoque e transporte, e estratégias de otimização operacional é um caminho necessário para manter a eficiência e a viabilidade das operações. A alta cambial exige do mercado logístico inovação contínua e decisões baseadas em dados.
Segundo projeções do BTG Pactual, o dólar pode atingir até R$ 7,00, um indicativo claro de que o planejamento financeiro e logístico precisa considerar diferentes cenários, inclusive os mais desafiadores. Além disso, medidas como incentivos fiscais para exportadores, simplificação de processos aduaneiros e investimentos em infraestrutura logística são essenciais para atenuar os efeitos negativos do câmbio elevado e fortalecer o setor.
Neste contexto, quem planeja com antecedência e negocia com inteligência ganha vantagem competitiva. O varejo, por exemplo, depende da importação para manter sua operação. Ter uma estratégia de estoque estruturada pode ser decisivo para preservar margens e garantir previsibilidade.
A oscilação do dólar afeta diretamente o comércio exterior brasileiro, mas também abre oportunidades para o fortalecimento da competitividade, inovação e melhoria da performance logística. Estamos diante de um cenário que exige mais do que adaptação: exige visão estratégica, colaboração entre os elos da cadeia, para que a entrega de soluções sob medida sejam realizadas, gerando valor em cada etapa da operação.